Por trás dos movimentos pró-legalização de drogas
Por marciobasso 22/06/2011 - 17h33
Ampla discussão foi retomada no Brasil por conta da ideia de se aprovar a legalização do consumo e vendas de drogas, especialmente a maconha. Apesar de o assunto já ser alvo de controvérsia desde os anos 90. Meios de comunicação de massa e políticos se manifestaram novamente agora, até porque é o tipo de polêmica que garante visibilidade, audiência e mantém uns e outros em evidência constante. Afora dessa motivação questionável, fica claro que o debate tende a crescer, ainda mais que recentemente o Supremo Tribunal Federal (corte máxima brasileira) se posicionou sobre as recorrentes “marchas da maconha” no país. Em decisão unânime, o STF liberou a realização dos eventos, que reúnem manifestantes favoráveis à descriminalização da droga. Para os ministros, os direitos constitucionais de reunião e de livre expressão do pensamento garantem a realização dessas marchas. Quando o assunto é uso para fins medicinais, vários países aderem. O potencial terapêutico da cannabis já é explorado nos EUA, Canadá, Reino Unido, Holanda, França, Espanha, Itália, Suíça, Israel e Austrália, entre outras nações.
Defensores da descriminalização da erva argumentam que, em tese, o uso permitido da maconha (entenda-se o consumo e a comercialização) ajudaria a reduzir a criminalidade decorrente do comércio ilegal e proibido que hoje ocorre. Contra isso, no entanto, pesam pesquisas médicas amplamente confirmadas sobre os malefícios do uso da droga, especialmente a longo prazo. O Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (CEBRID), que é uma referência na questão acadêmica, publicou em seu site oficial livretos sobre várias drogas. No caso da maconha, entre outras afirmações, está a de que “os efeitos físicos crônicos da maconha são de maior gravidade. De fato, com o uso continuado, vários órgãos do corpo são afetados. Os pulmões são um exemplo disso. Não é difícil imaginar como ficarão esses órgãos quando passam a receber cronicamente uma fumaça que é muito irritante, dado ser proveniente de um vegetal que nem chega a ser tratado com o tabaco comum. Essa irritação constante leva a problemas respiratórios (bronquites)…sabe-se que seu uso prolongado interfere na capacidade de aprendizagem e memorização…”.*
Mas efetivamente o que significam, de uma maneira mais abrangente, esses movimentos pró-legalização de drogas? Há algumas conclusões que se podem tirar a partir dessa mobilização toda e que afetam a sociedade de maneira muito mais profunda do que se pensa ou se imagina.
O pretenso combate à criminalidade em função da descriminalização de drogas, começando pela maconha como pretendem muitos no Brasil, pode ser uma grande ilusão. O que faz determinados países não apresentarem altos índices de criminalidade associada à venda e disseminação de drogas (quando isso realmente ocorre) é um conjunto de ações que incluem fortalecimento da educação formal, apoio de ONGs sérias e igrejas no processo de reabilitação e recuperação de dependentes e atuação exemplar de forças repressoras. No Brasil, tudo isso ainda é embrionário ou sequer existe em determinadas regiões. Que apoio governamental efetivo e consistente se dá, por exemplo, a igrejas que se propõem a trabalhar para ajudar na reabilitação de jovens viciados e suas famílias? A resposta pode ser vista diariamente através de notícias veiculadas na imprensa.
A Bíblia sugere que a educação é uma das chaves para uma vida livre de alguns dos males modernos. Não significa dizer que todos os “bem educados” estão isentos de qualquer problema (até porque isso não é verdade), mas a educação formal, em colaboração com o trabalho de famílias cujos alicerces estão em princípios sólidos, pode ajudar e muito. O ensino de pais para filhos fazia parte da cultura antiga oriental, mas é praticamente desprezado hoje. É interessante o que Moisés registrou no livro de Deuteronômio, capítulo 6, nos versículos 6 e 7, ao se dirigir ao povo que acabara de receber instruções divinas. “Estas palavras que hoje de ordeno estarão no teu coração. Tu as inculcarás a teus filhos, e delas falarás assentado em tua casa, andando pelo caminho, deitando-se e levantando-se” (Almeida Revista e Corrigida – Edição Contemporânea). Soa um pouco estranho, em um primeiro momento, o dever familiar de inculcar algo na mente de outros, mas é bom raciocinar que pior ainda é a perda de vidas por causa de drogas. Entre os sinônimos para esse verbo inculcar estão fixar e gravar. Tenho lido mais um dos excelentes livros do neurocirurgião norte-americano, Ben Carson, em que fica nítido o conceito da importância de princípios na vida para sucesso profissional e pessoal. De origem pobre e certamente dentro do parâmetro que hoje chamamos de vulnerabilidade social, Carson, no entanto, contou com uma mãe religiosa e ciente do seu papel como primeira educadora, a ele foram inculcados alguns conceitos que o fizeram um dos mais respeitados médicos do mundo na atualidade.
Além disso, por trás de movimentos pró-legalização de drogas está uma despreocupação total com a saúde mental e física, principalmente de jovens, adolescentes e crianças. O que se pode esperar de uma sociedade permissiva com respeito ao uso de substâncias comprovadamente prejudiciais, inclusive, à capacidade plena de memorização e apreensão de conhecimento? Quando o apóstolo Paulo pergunta, em sua primeira carta aos Coríntios, capítulo 6 e versículo 19 e 20, que “ou não sabeis que o nosso corpo é santuário do Espírito Santo, que habita em vós, proveniente de Deus? Não sois de vós mesmos: fostes comprados por bom preço. Glorificai, pois, a Deus no vosso corpo”.
Não vejo futuro promissor para uma sociedade que se rende e aceita deixar que jovens usem e sejam vítimas fáceis do comércio indiscriminado de drogas e, por esse uso, lotem clínicas e centros de reabilitação. Se Deus está disposto, como diz a Bíblia, a conceder inteligência para o desenvolvimento pleno do ser, não me parece haver lógica em se aprovar a distribuição de veneno. Algo muito errado se percebe nos direcionamentos que a sociedade está buscando de modo geral, especialmente a brasileira. Alguns líderes estão admitindo que valores não são mais necessários e preferem oferecer o que de pior existe. Talvez pensem que isso vai tornar menos violenta, menos desigual ou menos degradante a nova geração. Triste engano.
Felipe Lemos, jornalista, especialista em marketing – www.felipelemos.com