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Inquérito aponta culpa dos EUA em ataque no Paquistão, diz jornal


Por marciobasso 22/12/2011 - 11h34

Uma investigação militar concluiu que tropas dos Estados Unidos e do Afeganistão erraram ao avaliar o alvo de um bombardeio da Otan, a aliança militar do Ocidente, que matou cerca de 25 soldados paquistaneses em novembro, segundo informações do jornal americano “The Wall Street Journal” desta quinta-feira.
O erro de avaliação deu parecer positivo para a realização do bombardeio perto da fronteira afegã que devastou postos do Exército do Paquistão, de acordo com oficiais citados pelo veículo.
Com isso, os EUA estão prestes a admitir pela primeira vez que tem boa parte da culpa do ataque aéreo no mês passado que matou 24 militares paquistaneses. Tal ação deve constranger o Exército americano, mas indicaria para uma saída para o aprofundamento da desconfiança entre os dois países.
Aviões e helicópteros da Otan atacaram no dia 26 de novembro dois postos fronteiriços paquistaneses na região tribal de Mohmand, em um dos locais mais conflituosos da zona limítrofe com o Afeganistão. Em resposta, o país fechou rotas vitais de apoio às tropas da aliança lutando em território afegão e os EUA se viram obrigados a deixar uma base no local.
Após o ataque, os EUA se lamentaram pelo ocorrido e prometeram investigar o incidente, apresentando versões diferentes às do governo paquistanês para justificar o ataque. O relatório, se confirmado, desmente uma delas, de que o próprio Paquistão teria autorizado a operação.
As informações anteriores EUA eram baseadas em relatos preliminares e incompletos feitos por militares envolvidos no incidente, enquanto a nova investigação é baseada em registros digitais, relatórios feitos por rádio e outras documentações.
De acordo com o jornal, a investigação, detalhada por militares dos EUA familiarizados com as descobertas, deve ser apresentada na sexta-feira para os líderes da Defesa americana.
RELAÇÕES BILATERAIS
O ataque foi o pior incidente do tipo desde que o Paquistão se aliou a Washington imediatamente após os ataques de 11 de setembro de 2001 contra os Estados Unidos.
A ofensiva balançou ainda mais as relações do Paquistão com os Estados Unidos, já deterioradas desde que Washington realizou uma ação em maio para matar Osama Bin Laden em território paquistanês.
O presidente americano, Barack Obama, reiterou ao presidente paquistanês, Asif Ali Zardari, que o ataque aéreo da Otan que matou 24 soldados paquistaneses “não foi intencional”, informou a Casa Branca.
Obama expressou condolências a Zardari pela trágica perda, em uma ligação telefônica, e disse que os Estados Unidos se comprometem com uma completa investigação, depois que o ataque de 26 de novembro provocou uma crise diplomática.
Na semana passada, as autoridades do Paquistão assumiram o controle da base aérea de Shamsi, no oeste do país, que foi esvaziada pelos EUA após as represálias ordenadas por Islamabad devido ao ataque da Otan que matou os soldados paquistaneses em novembro.
A bandeira americana antes hasteada na base, que servia de apoio ao programa de aviões não tripulados (drones) dos Estados Unidos, foi retirada pelos membros da autoridade aérea e da guarda fronteiriça, que assumiram o controle das instalações.
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