Rede Novo Tempo de Comunicação

Infância feliz reduz chances de desenvolver doenças mentais na velhice


Por marciobasso 15/03/2011 - 15h07

Crianças felizes têm 60% menos chances de desenvolver doenças mentais na vida adulta. É o que indica um estudo realizado pela Universidade de Cambrigde, no Reino Unido, e o Conselho Britânico de Pesquisa em Medicina (MRC, na sigla em inglês), que analisou a relação entre uma adolescência positiva e o bem-estar na meia-idade.
 
Para chegar a estes resultados, publicados no periódico The Journal of Positive Psychology, foi realizado um estudo de coorte – quando um grupo de indivíduos é acompanhado durante um período de tempo e, periodicamente, são coletados dados sobre estas pessoas – usando informações de 2.776 britânicos, nascidos em 1946.

A classificação entre uma infância positiva ou negativa foi baseada na avaliação dos professores, em que foi observado o nível de felicidade, amizade e “energia” que os participantes tinham quando estavam com idades entre 13 e 15 anos. Um aluno recebia uma pontuação para cada um dos quatro itens, quando uma criança era “muito popular com outras crianças”, “feliz ou contente demais”, “faz amizades facilmente” e “extremamente enérgico, nunca se cansa”. Os professores também avaliaram problemas de comportamento como agitação, devaneios, desobediência, mentiras, etc. e problemas emocionais como ansiedade, medo, desconfiança e desatenção.
Então os pesquisadores estabeleceram uma relação destes resultados com a saúde mental e também outros aspectos dos participantes, como experiência de trabalho, relacionamentos e atividades sociais, décadas mais tarde. Eles descobriram que adolescentes classificados positivamente pelos professores tinham mais satisfação no trabalho, bem-estar, um contato mais frequente com família e amigos e uma vida social mais ativa.
Maior autoestima aumenta as chances de encerrar relacionamentos ruins
Agora, ter uma infância feliz não quer dizer sucesso no casamento. Na verdade, os pesquisadores descobriram que os indivíduos avaliados positivamente foram os que mais se divorciaram. Isso porque, segundo a autora do estudo, Felicia Hupper, diretora do Instituto de Bem-Estar na Universidade de Cambrigde, estas pessoas têm uma autoestima maior e, portanto, são mais capazes e dispostas a abandonar um casamento infeliz do que as outras. “Os benefícios para as pessoas são realmente substanciais no que diz respeito à família, à sociedade e uma boa saúde mental”, diz. “O estudo mostra como, mesmo em tempos de crise financeira, é importante priorizar o bem-estar das crianças para que elas tenham o melhor começo possível na vida”.
Para o coautor do estudo, Marcus Rocha, do MRC, outras pesquisas sempre focaram os impactos negativos de uma infância conturbada. “Este estudo mostra claramente as consequências positivas e duradouras do bem-estar mental na infância”, conclui.
com informações da University of Cambridge