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'Fichas-sujas' recebem 8,7 milhões de votos


Por marciobasso 05/10/2010 - 12h17

Os candidatos barrados pela Justiça Eleitoral com base na Lei da Ficha Limpa em todo o país receberam pelo menos 8,7 milhões de votos, segundo levantamento concluído pela Folha ontem. Os votos foram anulados, mas os políticos ainda podem recorrer a tribunais superiores.
A apuração do jornal considerou a votação de 208 políticos cujas candidaturas estavam indeferidas no país no dia da eleição por conta da aplicação da nova lei.
O maior número de votos anulados em virtude da lei da Ficha Limpa foi visto no Pará, onde políticos considerados “fichas-sujas” tiveram mais de 3,5 milhões de votos.
No Estado, os candidatos ao Senado Jader Barbalho (PMDB) e Paulo Rocha (PT) receberam, respectivamente, 1,79 milhão e 1,73 milhão de votos, mas não aparecem na apuração da Justiça Eleitoral pois tiveram as candidaturas indeferidas pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral).
Por meio de recurso ao Supremo Tribunal Federal, eles podem derrubar a decisão desfavorável e buscar a segunda vaga ao Senado, uma vez que Flexa Ribeiro (PSDB) venceu o pleito, com 1,81 milhão de votos, e o segundo colocado, Marinor Brito (PSOL), obteve 727 mil votos.
Somados, os votos de Barbalho e Rocha representam 57% do eleitorado do Estado. Isso quer dizer que, se continuarem barrados quando seus casos forem julgados pelo STF (Supremo Tribunal Federal), haverá necessidade de novas eleições, já que mais da metade dos votos foram anulados.
O resultado da disputa ao Senado na Paraíba também dependerá da decisão da Justiça Eleitoral. O ex-governador Cássio Cunha Lima (PSDB) foi o mais votado para representar o Estado no Congresso, com cerca de 1 milhão de votos, mas os votos foram anulados porque ele foi enquadrado na Lei da Ficha Limpa.
Se ele não reverter a decisão, vão para o Senado Vitalzinho (PMDB), com 869 mil votos, e Wilson Santiago (PMDB), com 820 mil.
MALUF
Já em São Paulo, quase 1,2 milhão de votos foram recebidos por candidatos considerados “fichas-sujas” pela Justiça Eleitoral.
Esse quadro leva a uma indefinição nas bancadas da Câmara dos Deputados e da Assembleia paulista.
Entre os barrados pelo TRE (Tribunal Regional Eleitoral) de São Paulo, o mais votado foi o deputado federal Paulo Maluf (PP). Ele foi escolhido por 497 mil pessoas, o terceiro maior índice do Estado, mas seus votos foram registrados como nulos.
Maluf recorreu ao TSE e, caso vença, poderá, além de ocupar a cadeira na Câmara, aumentar a bancada do PP na Casa Legislativa, pois a soma da votação dos candidatos das legendas é levada em consideração para definir o tamanho das bancadas.
No atual quadro, o PP tem duas vagas, mas pode ir a cinco se os votos de Maluf se tornarem válidos.
A indefinição sobre os representantes paulistas na Câmara também ocorre por conta da expressiva votação de outros barrados, como Paulo Roberto Gomes Mansur (PP), que teve 65 mil votos, Francisco Rossi (PDT), votado por 52 mil pessoas, Felix Sahão Júnior (PT), que obteve 42 mil votos, e Airton Ferreira Garcia (DEM), escolha de 35 mil eleitores.
Na Assembleia, o resultado final pode mudar caso alguns candidatos considerados “fichas-sujas” pelo TRE revertam a decisão nos tribunais superiores. É o caso do tucano João Carlos Caramez, que obteve 98 mil votos, e Luciano Batista, do PSB, votado por 52 mil pessoas.
Fonte: Folha Online