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Especialista explica a relação entre hábitos alimentares e as drogas


Por admin 20/07/2010 - 16h04

Na contramão das políticas antitabaco, o governo brasileiro aprova um documento de incentivo à produção de fumo no País.
O material foi formulado pela Câmara Setorial do Tabaco, ligada ao Ministério da Agricultura, e aprovado no final de junho.
A denominada Agenda Estratégica contraria, inclusive, a Convenção-Quadro do Tabaco, ratificada em 2005 pelo Brasil com regras para reduzir e prevenir o tabaco.
O documento prevê a criação de linhas de crédito para o setor com taxa de juros semelhante ao do programa de agricultura familiar Pronaf.
Segundo Paula Johns, da Aliança de Controle do Tabagismo, há “pressão do setor produtivo do fumo” para o aumento da produção.
Johns diz que em nível federal o governo ainda não adotou nenhuma das regras da Convenção.
Dados recentes apontam para um lucro de 4 bilhões de reais em impostos para o governo. A arrecadação é de 6 bilhões de reais, enquanto que o gasto com a saúde dos fumantes chega aos 2 bilhões.
Em entrevista exclusiva ao portal CNTN, o especialista Roberto Orlando Guarda fala sobre o incentivo do governo à produção de fumo, o perigo das drogas lícitas e a relação entre hábitos alimentares e o uso de drogas.
Escute a entrevista: Relacao Alimentos X drogas
Roberto é dono da clínica Comunidade Terapêutica, Temperança e Saúde, que atua na recuperação de dependentes químicos. Ele trabalha na área há 28 anos.
 
Conheça algumas ações contraditórias do governo:
Metas aprovadas na câmara setorial para fortalecer o setor do fumo:
1. Captar recursos públicos para fortalecer e ampliar a cadeira produtiva do fumo, com criação de linha de crédito com taxas de juros semelhantes ao do Pronaf.
2. Evitar a restrição sem fundamento técnico ao uso de novos ingredientes na composição do tabaco.
3. Discutir mudanças na legislação que permitam o retorno de maços com 10 unidades, formato atualmente proibido.
4. Reduzir o IPI de charutos de 30% para 15%, reduzindo a carga tributária para o setor.
Medidas e estudos para combater o tabagismo:
1. Plano para ajudar produtores a migrar do tabaco para outras culturas, evitando prejuízo com a redução da demanda.
2. Discussões para defender na próxima Conferência das Partes, em novembro, a proibição da adição de produtos que tornem o cigarro mais atrativo, como açúcar.
3. Proibição de embalagens de 10 cigarros, conhecidas como “kid packs”, porque facilitam que adolescentes experimentem.
4. Reuniões de grupo interministerial para colocar em prática determinações da Convenção Quadro do Tabaco. Na agenda, discussões sobre aumento de impostos e elevação do preço dos cigarros.
Da Redação, com informações do jornal O Estado de S.Paulo