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Espanha recebe sete dissidentes cubanos


Por marciobasso 13/07/2010 - 09h43

O primeiro grupo de sete prisioneiros políticos cubanos chegou na manhã desta terça-feira a Madri, na Espanha, como parte do acordo de libertação de 52 dissidentes cubanos. A chegada do sétimo e último membro do grupo, que veio em um voo separado dos outros seis, foi confirmada pelo Ministério de Relações Exteriores espanhol, citado pela agência de notícias Associated Press.
Os ex-prisioneiros chegam junto a familiares para viver em exílio na Espanha. Segundo o governo espanhol, eles são livres para seguir, se quiserem, para outros países. Chile e Estados Unidos já teriam oferecido asilo.
Os seis primeiros –Lester Gonzalez, Omar Ruiz, Antonio Villarreal, Julio Cesar Galvez, Jose Luis Garcia Paneque e Pablo Pacheco– chegaram às 12h49 (7h49 em Brasília), em um voo Havana-Madri da Air Europa, que aterrissou no aeroporto de Barajas.
O sétimo, Ricardo Gonzalez Alfonso, chegou aproximadamente às 13h (9h em Brasília) em um voo da Iberia.
Eles embarcaram na noite desta segunda-feira nos dois voos sem escala, ao lado de seus familiares.
O jornal espanhol “El Pais”, que cita diversas fontes, diz que um segundo grupo de prisioneiros sairá ainda nesta terça-feira rumo à Europa. Não se sabe ainda, contudo, quantos ou quem são.
O Arcebispado de Havana afirmou nesta segunda-feira que 20 dissidentes presos aceitaram ir para Espanha, ao anunciar mais três novas libertações que devem acontecer “em breve”. Desde quinta-feira passada (8), 17 nomes tinham sido confirmados.
Segundo parentes e dissidentes, o próprio cardeal Jaime Ortega, máxima autoridade católica da ilha, entrou em contato por telefone com presos para consultar sobre a ida ou não à Espanha.
Apesar da libertação ter sido anunciada a toda a imprensa, os trâmites envolvendo os prisioneiros são realizados com sigilo pelo Arcebispado e pela embaixada espanhola em Cuba.
Nesta segunda-feira, Ruiz, que cumpria 12 anos de prisão por traição, disse que ele e outros seis dissidentes foram levados de van até o aeroporto internacional Jose Marti, em Havana, onde reencontraram seus familiares em uma sala de espera reservada. Em seguida, todos foram levados aos voos.
“Estamos, neste momento, caminhando para o avião”, disse Ruiz à Associated Press em seu celular. “Eles nos trouxeram pelos fundos do aeroporto.”
A Igreja afirma que outros 13 ativistas opositores e dissidentes presos serão libertados em breve. Não ficou claro se os demais presos que forem soltos poderão ficar em Cuba ou serão forçados a ir para outro país.
Histórico
Esta é a maior libertação de presos políticos desde que o presidente Raúl Castro assumiu o poder, em fevereiro de 2008, das mãos de seu irmão Fidel Castro. O ex-ditador liberou 101 presos políticos pouco depois da visita histórica do papa João Paulo 2º à ilha, em 1998.
Na quarta-feira passada (7), a Igreja Católica cubana anunciou que o governo concordou em libertar 52 presos políticos, em uma grande concessão à pressão internacional para melhorar as condições de direitos humanos na ilha.
Os 52 homens estavam entre 75 dissidentes políticos presos na Primavera Negra de 2003, em uma ação enérgica do governo cubano contra os opositores que prejudicou suas relações diplomáticas. Eles cumprem penas que variam de 13 a 24 anos de prisão por violar as leis cubanas destinadas a conter a oposição, e o que o governo chama de atividades subversivas.
Outros já foram soltos, a maioria por motivos de saúde. Com a nova libertação, o número de dissidentes atrás das grades cairia para cerca de cem.
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