Empresa encontrou caixas-pretas do voo 447, diz associação
Por marciobasso 12/04/2011 - 16h09
As caixas-pretas do voo 447 da Air France, que ia do Rio para Paris e caiu no oceano Atlântico na noite de 31 de maio de 2009, já foram localizadas, diz o presidente da Associação das Famílias das Vítimas do Voo 447 da Air France, Nelson Faria Marinho, 68.
O equipamento foi encontrado pela empresa contratada pela companhia área e pela Airbus, a americana Woods Hole Oceanographic Institution –a maior instituição oceanográfica privada do mundo–, segundo Marinho.
“Garantiram que as caixas-pretas estão na cauda do avião, durante a reunião com os parentes das vítimas e com o BEA (Escritório de Análise de Investigação — órgão ligado ao Ministério de Transporte francês), ontem, em Paris. Isso foi dito claramente, mas não se sabe se vai conseguir ler essas fitas. E agora resta tirar do fundo do mar”, disse Marinho, que perdeu um filho no acidente.
Assim que as caixas-pretas forem retiradas, começa uma nova batalha entre familiares, a Air France e o governo francês: o local onde as caixas-pretas serão analisadas. Nelson defende que elas sejam encaminhadas para os Estados Unidos, por ser um território neutro, mas enfrenta resistência do governo francês e da companhia estatal.
“Nós queríamos que essas caixas-pretas fossem para um país neutro, no caso os Estados Unidos, que tem 19 fabricantes de peças que compõe esse avião. Assim não ficaria essa suspeita nossa de ser levado para França porque a Airbus é fabricação francesa como também a Air France é uma estatal e o dono é o governo francês. Mas, pra isso, na reunião eles informaram que o Brasil tinha que se pronunciar. Antes de vir para França, na sexta-feira (8), eu estive com o ministro da Defesa, Nelson Jobim, para falar sobre isso”, disse Marinho.
O presidente da Associação das Famílias das Vítimas também solicitou, por meio da Secretaria Nacional de Articulação Social, uma audiência com a presidente Dilma Rousseff para pedir que o Brasil se pronuncie oficialmente sobre o assunto. Os trabalhos de resgate dos corpos e destroços do avião no fundo do mar estão previstos para acontecer do dia 21 de abril a 15 de junho. A Sociedade Fênix (empresa americana) ficará responsável pelo processo.
DESTROÇOS
O BEA (Birô de Investigações e Análises) divulgou na segunda-feira (4) as primeiras imagens dos destroços, encontrados no dia anterior.
De acordo com o órgão, foram localizados partes do motor, fuselagem, asas e do trem de pouso do Airbus A330-203. Corpos também foram encontrados dentro de grande parte da fuselagem.
O BEA lançou no dia 22 de março a quarta fase de buscas para encontrar os destroços do voo 447, e iniciou os trabalhos de campo alguns dias depois. A terceira fase das buscas terminou em maio de 2010, sem sucesso.
Desta vez, foram usados três submarinos robôs do modelo Remus –dois da fundação americana Waitt e um do instituto alemão Geomar. Com quatro metros de comprimento e pesando 800 kg, ele são capazes de chegar a 4.000 metros. Os destroços foram localizados a uma profundidade de cerca de 3.900 metros ao norte da última posição conhecida do avião.
A equipe de buscas é integrada por profissionais do BEA e por pesquisadores americanos do Woods Hole Oceanographic Institution. A bordo do navio Alucia, que partiu do porto de Suape (PE), eles monitoraram os submarinos e analisaram os dados.
As buscas deveriam cobrir uma área de 10 mil km2. De acordo com o birô francês, a operação foi calculada em 12,5 milhões de dólares (R$ 20,2 milhões), pagos pela Airbus e Air France. O resgate das peças será financiado pelo governo francês.
Fonte: Folha Online