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Americanos decidem hoje futuro parlamentar


Por marciobasso 02/11/2010 - 14h04

Quatro horas após o início oficial das eleições parlamentares e para governador nos Estados Unidos, o presidente americano, Barack Obama, continuou o ritmo de campanha e deu entrevistas a diversas rádios alertando para uma situação “muito difícil” caso os republicanos obtenham a maioria no Congresso.
Nesta terça-feira os americanos renovam por completo a Câmara de Representantes (435 cadeiras) e 37 ocupantes do Senado (de um total de cem), assim como 37 governadores dos 50 estados do país.
Às 13h de Brasília, Alasca e Havaí abriram as suas urnas, oficializando o início das eleições legislativas nos 50 Estados americanos.
Ainda mais tarde começam as votações em territórios do Pacífico como Samoa (15h de Brasília), Guam (19h de Brasília) e ilhas Marianas do Norte (19h de Brasília), que são também os últimos a encerrarem as eleições.
Em meio às pesquisas que indicam um ganho de poder para os republicanos, Obama continuou em ritmo de campanha nos dias que antecederam às eleições, visitando cinco Estados entre sexta-feira e domingo.
Na manhã desta terça-feira, deu entrevistas a rádios locais de Los Angeles (Califórnia), Chicago (Illinois) e Jacksonville (Flórida), repetindo posições já manifestadas durante uma entrevista a uma rádio da Filadélfia (Pensilvânia), alertando que o país corre o risco de entrar em uma situação “muito difícil” no caso de vitória republicana nas legislativas.
“IMPACTO NAS PRÓXIMAS DÉCADAS”
Enfático, Obama declarou à rádio WDAS-FM, localizada num dos Estados-chave para estas eleições, a Pensilvânia, que os resultados destas eleições terão “um impacto nas próximas décadas”.
Alertando a população em vista da crescente tendência de vitória dos republicanos, Obama disse que caso o partido obtenha a maioria no Congresso, o país observará um retorno das mesmas políticas econômicas que levaram à crise financeira de 2008.
“A verdade é: Estamos fazendo progresso, estamos indo na direção certa. Se você ainda não votou, tire um tempo para votar, isto terá um impacto nas próximas décadas”, afirmou.
A Casa Branca indicou que os apelos “de última hora” de Obama, pouco antes da abertura das urnas na costa leste do país, tinham como alvo os eleitores da Flórida, Minnesota, Ohio e Pensilvânia –todos considerados decisivos para sua reeleição em 2012– assim como o Havaí, seu Estado natal.
A primeira-dama Michelle Obama e o vice-presidente Joe Biden também participaram da campanha na noite de segunda-feira.
“Se o outro lado tiver mais entusiasmo, nós poderemos ter problemas em levar este país para frente”, disse Obama.
ABERTURA DAS URNAS
Apesar da existência do voto antecipado em diversos locais do país, a abertura oficial das urnas se deu no início da manhã desta terça. Os primeiros colégios eleitorais na costa leste do país abriram pouco depois das 6h da manhã (8h em Brasília).
As eleições devem ir até às 2h da manhã de quarta-feira (em Brasília, quando fecham os colégios eleitorais no Alaska e no Havaí.
Estima-se que ao menos 90 milhões dos cerca de 218 milhões de eleitores com direito a voto vão às urnas nesta terça-feira.
A previsão do tempo para o país é estável, e não há indicações de problemas graves que possam interferir no andamento da votação.
HORÁRIOS DE VOTAÇÃO
Os primeiros colégios a abrir as urnas foram os dos Estados de Vermont, Maine, New Hampshire, Connecticut, Indiana, Kentucky, Nova Jersey e Nova York, localizados na costa leste do país.
A grande maioria dos colégios eleitorais, no entanto, dá início às votações a partir das 9h (em Brasília), nos Estados de Delaware, Distrito de Columbia, Flórida, Geórgia, Illinois, Maryland, Massachussetts, Michigan, Misouri, Pensilvânia, Rhode Island, Carolina do Sul e as Virgin Islands.
Os locais de votação na Califórnia, que realiza também um referendo para legalizar a maconha, estarão abertos até às 12h de Brasília, assim como os de Idaho, Nevada e Washington, na costa oeste.
Os últimos a abrir serão: Alaska e Havaí, às 13h de Brasília e os territórios no Pacífico como Samoa (15h de Brasília), Guam (19h de Brasília) e ilhas Marianas do Norte (19hde Brasília), que são também os últimos a encerrarem as eleições.
Às 20h de Brasília os primeiros colégios eleitorais começarão a encerrar a votação, mesmo horário em que devem ser divulgados os primeiros resultados parciais.
Os Estados de Indiana, Kentucky, Carolina do Sul, Vermont e Virgínia serão os primeiros a fechar as urnas, seguidos de Ohio, Virgínia Ocidental e Carolina do Norte.
A grande maioria dos colégios eleitorais encerram as votações entre 22h e 23h de Brasília.
PESQUISAS
As últimas pesquisas apontam que no Senado, segundo o especialista Cliff Young, do instituto Ipsos, os democratas devem manter a maioria, com 52 ou 53 do total de 100 senadores. Na Câmara, segundo essa pesquisa, os republicanos devem ficar com 231 dos 435 deputados (ou 50% dos votos nacionais, contra 44% para os democratas).
A pesquisa ouviu 1.075 adultos entre os dias 28 e 31 de outubro, sendo 893 eleitores registrados e 654 que disseram ter a intenção de votar. A margem de erro é de 3 pontos percentuais para toda a amostra, 3,3 pontos para os eleitores registrados, e 3,8 pontos para os que pretendem vota
Já a última pesquisa do instituto Gallup, realizada entre quinta-feira e domingo, com 1.539 prováveis eleitores, coloca os republicanos na dianteira com 55% das intenções de voto, contra 40% dos democratas.
Outro levantamento conjunto do “The Wall Street Journal” e do canal de televisão “NBC” também prevê um grande avanço dos republicanos diante do que descrevem como “frustração” com o presidente Barack Obama e o Congresso de maioria democrata.
Na consulta encomendada pelos dois veículos de comunicação, os republicanos aparecem com uma vantagem de seis pontos e atingem 49% do apoio popular, contra 43% obtidos pelos democratas.
Quase a metade dos eleitores que se inclinam por um Congresso de maioria republicana assegura que trata-se de um “voto de protesto” contra os democratas.
Os distintos resultados das pesquisas do “The Wall Street Journal” e do Gallup são um exemplo, mas outras consultas diferem também no grau de apoio: o canal “Fox News”, por exemplo, coloca os conservadores 13 pontos à frente, para a “CNN” são dez, enquanto o “The New York Times”, prevê vantagem de seis pontos dos republicanos.
CHUTE CERTEIRO
Nate Silver, autor do blog “FiveThirtyEight” que antecipou corretamente os resultados em todos os Estados do país durante as eleições presidenciais de 2008, afirma que dadas as diferentes conclusões das pesquisas, “é difícil prever o tamanho da onda conservadora”.
Os republicanos precisam de 39 cadeiras para se tornar a maioria na Câmara de Representantes, e 10 para prevalecerem no Senado.
Segundo o modelo de simulação do “FiveThirtyEight”, os conservadores conquistarão cerca de 53 cadeiras na Câmara de Representantes, enquanto no Senado devem ganhar sete, o que não atingiria a maioria.
IMPACTOS A LONGO PRAZO
Os republicanos também parecem direcionados a grandes ganhos nas corridas pelos governos estaduais. Essas decisões têm um grande peso, pois podem redefinir o cenário político dos Estados Unidos por uma década.
Os governos estaduais têm um papel decisivo na redefinição dos distritos eleitorais, processo previsto para o ano que vem. A alteração acontece a cada dez anos, após o censo nacional, para garantir que cada distrito eleitoral –responsável por eleger um representante [deputado] para a Câmara– representa aproximadamente o mesmo número de pessoas.
Por exemplo, na próxima mudança, o Texas deve ganhar quatro assentos na Câmara, e Arizona, Utah, Geórgia e Carolina do Sul um cada.
Trata-se de um processo altamente politizado, que busca causar o maior estrago possível nos oponentes, fazendo um distrito tornar-se mais confiantemente republicano ou democrata. A redefinição feita no Texas em 2003, engenhosamente planejada pelo líder republicano na Câmara Tom DeLay, custou aos democratas cinco assentos no Congresso.
Dos 18 Estados que devem ganhar ou perder assentos na Câmara, 15 estão com o governo estadual em disputa. Muitos governadores têm influência ou poder de veto sobre os planos de redefiniir os limites de um distrito eleitoral.
“As corridas para governador são o principal evento este ano”, define Nathan Daschle, diretor-executivo da Associação de Governantes Democratas. “O que acontece nessas disputas terá um impacto de longo prazo na política nacional por meio da redefinição dos distritos pelo Congresso e a próxima eleição presidencial.”
DISPUTA NOS ESTADOS
Os republicanos têm no momento 23 governos estaduais, e esperam ganhar ao menos mais seis ou sete.
A aposentadoria de governadores democratas em Estados fortemente republicanos –como Wyoming, Kansas, Oklahoma e Tennessee– dá boas chances de vitória aos republicanos. Além disso, a economia fragilizada em Michigan, Pensilvânia, Ohio, Illinois, Iowa e Wisconsin dão mais alguns pontos de vantagem aos republicanos.
Os democratas esperam restringir suas perdas e tomar o governo de alguns importantes centros de batalha, como a Califórnia, a Flórida e talvez até o Texas.
Segundo o grupo apartidário Cook Political Report, dos 19 Estados comandados por democratas em que o governo está em jogo, 16 disputas estão acirradas ou pendendo para o lado dos republicanos. Já na disputa pelos 18 Estados de controle republicano, apenas nove estão empatadas ou pendendo para os democratas.
“Os republicanos vão sair dessas eleições com 30 ou mais governos estaduais”, aposta Jennifer Duffy, analista da Cook. “Considerando que esse é um ano de redefinição de distritos, isso é um grande negócio.”
MAIORIA NO CONGRESSO
Senado
São cem vagas no total, e são necessárias 51 para garantir maioria. Com 60 cadeiras, um partido consegue impedir o filibuster, procedimento no qual um senador pode bloquear um debate ou votação.
Na atual composição, 56 cadeiras são dos democratas, 41 são republicanas, duas são independentes e uma está vaga.
Câmara dos Representantes
São 435 vagas no total e 218 são necessárias para a maioria na casa.
Na atual composição, 255 são democratas, 178 são republicanos e duas estão vagas.
Os republicanos precisam de apenas 39 cadeiras democratas para acabar com a maioria do partido do presidente Barack Obama na Câmara dos Deputados em 2 de novembro.
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